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MEMÓRIA IDEAL: ENTREVISTA DE 2018 COM O PRESIDENTE PAULO BANDEIRA



Por um longo e profícuo período, ele fez parte da gestão do Ideal Clube, tendo sido presidente por dois mandatos, de 1998 a 2002. Esteve à frente de grandes realizações nas mais distintas áreas e que até hoje são referências no clube. Engenheiro e advogado, Paulo Roberto Bandeira de Mello partiu para um plano maior e deixou o Ideal Clube enlutado na noite de 24 de maio. Uma grande perda sentida pelos idealinos.


Paulo Bandeira sempre foi um apaixonado pelo Ideal, tendo se dedicado incansavelmente, de maneira abnegada, em busca de melhorias no clube, deixou o seu legado e tem a admiração e o respeito dos associados.


Neste ano de 2024, Paulo se empenhou em retornar ao universo político idealino, tendo sido candidato a presidente do Conselho Deliberativo nas eleições realizadas em fevereiro, mas não obteve êxito na jornada. Tendo sido o seu último ato em meio às questões do clube.


Na ocasião do seu falecimento foi declarado luto oficial de três dias no Ideal Clube, inclusive sem atividades festivas, em respeito à memória desse grande idealino.


MEMÓRIA IDEAL

Resgatamos em nossos valiosos arquivos, uma excelente entrevista concedida pelo Presidente Paulo Bandeira na Revista Ideal em outubro de 2018 e resolvemos publicá-la novamente, na íntegra, como uma singela maneira de homenageá-lo.


Quais as grandes lembranças da sua juventude? Sem deixar de citar os tempos de Colégio Militar, claro!

Sempre digo que meus anos de Colégio Militar de Fortaleza, na década de 1960, foram os melhores de minha vida. Lá, junto com colegas de estreita convivência até hoje, aprendemos a exercitar a tão perseguida cidadania, o valor da hierarquia, o amor à pátria e a ética e a coragem cívica. Minha turma entrou em 1962 no ano de fundação do Colégio Militar. Nesta circunstância, iniciou com apenas três alunos e durante todo o curso nunca ultrapassou os cinco alunos. Foi uma dádiva pedagógica.


De onde veio o desejo de cursar Engenharia Civil?

Durante o curso no CMF tive excelentes professores de matemática, física e química, tais como Prof. Ari de Sá Cavalcante, Cel. Aurélio Câmara, Prof. Godofredo, Cel. Brito Passos, Prof. Urbano Almeida, Cel. João Alencar, Prof. Francisco Cavalcante e Gen. Oswaldo Riedel que despertaram a inclinação para as ciências exatas. Junte-se a isso o fato de que meu pai, além de Coronel do Exército da arma de Engenharia era Engenheiro Civil e Militar formado pelo IME. Não tinha como deixar de ser Engenheiro.


E como foram os anos na Escola de Engenharia da UFC?

Nossa turma é a de 1971, a última formada no sistema anualizado. Entramos em 1967, então foram cinco anos de total e estreita convivência, respeito e amizade. Amizade esta que perdura até os dias de hoje. Desde a época da formatura nos reunimos mensalmente, sendo que atualmente as reuniões são no Ideal Clube. Mais ainda, todo fim de ano realizamos uma grande confraternização e a cada cinco anos nos brindamos com uma grande festa com a presença de praticamente todos os colegas que vêm dos mais longínquos lugares do Brasil.


E a sua imersão na Advocacia? Como foi trocar sua profissão primária pelo Direito?

Fatores outros que fugiam ao meu controle bem como vislumbrando uma preocupante e indesejável aposentadoria precoce me levaram, já “cinquentão”, a prestar vestibular para a Faculdade de Direito da Unifor. Fiz o curso com muito sacrifício mas com uma vontade inusitada. A volta aos bancos escolares foi prazerosa e proveitosa. Era uma vida nova, com exigências inteiramente diferentes da Engenharia mas em um campo profissional fascinante. Sinto-me realizado capitaneando um escritório consolidado e com um número considerável de clientes.


Conte-nos como e quando começa a sua relação com o Ideal Clube?

Em meados da década de 1950. meu pai, vindo do Rio de Janeiro, foi servir no 4º Batalhão de Engenharia e Construção (4º BEC), que estava se instalando em Crateús, interior do CE. Cumprido seu tempo, foi transferido para Fortaleza designado para a Comissão Regional de Obras da 10º Região Militar. Então em 1958 ele ingressa como sócio do Ideal e eu, por disposição do Estatuto da época, me torno sócio contribuinte infantil, categoria que hoje não mais existe. Completo, portanto, este ano 6 décadas de frequência e intima relação com este Clube. Sempre tive, e em especial naqueles primórdios, o Ideal como minha segunda casa. Nos tempos de CMF e Escola de Engenharia a frequência era quase que diária. Aquelas arcadas presenciaram muitas aventuras e travessuras... No Ideal namorei, noivei e casei. Todos os meus quatro filhos tiveram também esta íntima relação com o Ideal, tanto na frequência como nos esportes, alguns sendo atletas conceituados (e medalhados) do Clube.


Como foram os anos como presidente idealino?

Meu ingresso na diretoria do Ideal se deu em 1992, como Vice-Presidente na gestão do Presidente Silvio de Castro. Continuei na Vice-Presidência na gestão subsequente do querido e saudoso Presidente Luis Carlos Aguiar. Esses dois idealinos de primeira hora lançaram as bases para a renovação do Clube segundo as diretrizes que aqueles tempos exigiam. E foram vencedores. Desta tarefa participei ativamente. Em 1998 fui eleito Presidente com votação expressiva e dei início a um programa de obras significativo para recomposição e modernização da estrutura física do Clube já bastante danificada pelo tempo. Nesta difícil empreitada contei com as imprescindíveis colaborações dos amigos diretores Eng. Paulo Sérgio Guimarães e Eng. Joacy Demétrio, de saudosa memória, incansáveis companheiros na busca diuturna das melhores soluções técnicas e construtivas. Iniciamos pela conclusão da Ala Leste e término do Salão Meireles (Salão Humberto Cavalcante), seguindo-se a reconstrução total da Ala Sul (acesso pela Av. Mons. Tabosa) com a construção/instalação dos Banheiros Masculino e Feminino, Sala de Reunião da Diretoria e Conselho, Sala de Memória e Museu Presidente Gustavo Silva. Na sequencia prestigiamos o esporte com a reconstrução da Ala Oeste em especial a construção dos Banheiros dos Atletas, Sala da Secretaria do Esporte, Remodelação da Lanchonete etc.


Você foi reeleito pelos idealinos. Como se deu o segundo mandato?

Em 2000 fui reeleito e prossegui com a necessária reconstrução das instalações físicas do Clube despontando a construção da nova piscina social (adulto e infantil) com a substituição de toda a parte de filtragem e instalações hidrossanitária e elétrica. Também foi instalada uma subestação de luz e força com a substituição e redimensionamento dos quadros e ramais de entrada da Rua Monsenhor Bruno. Implementamos também a recuperação da área do antigo Cassino que estava inteiramente degradada (funcionava como depósito) e lá foi construído o Piano Bar, hoje uma referência arquitetônica, e sendo uma das dependência mais nobres e utilizadas do Clube. Muitas outras realizações foram programadas neste período onde destaco a criação, em 1998, do Prêmio Ideal Clube de Literatura (este ano completando 20 anos de ininterrupta premiação!) certame que à época era um dos que mais oferecia vultuosas premiações no Brasil e que foi mantido pelas diretorias que me sucederam. Registro também a elaboração e aprovação em Assembleia Geral de um novo Estatuto que permitiu uma mais transparente e moderna relação do Clube, como instituição, com os sócios.


E as realizações no campo social?

Ainda merece destaque as realizações no campo social sempre voltadas para os sócios que usufruíam de eventos musicais, culturais e domingueiras festivas rotineiramente. É pertinente destacar a atuação nesta área do nosso Vice-Presidente Social Alcimor Aguiar, pelo entusiasmo e dedicação que emprestava às realizações sob seu comando. Alcimor se destaca agora como o atual Presidente do Ideal, conduzindo nossa agremiação com a serenidade e competência necessárias e que são exigidas para os tempos difíceis que atravessa nosso país.


Quais outros nomes você destacaria nos anos de sua gestão?

É imperioso destacar que nossa administração - que reputamos como profícua - só foi possível pela dedicação e colaboração dos nossos diretores que, sem duvida, formávamos uma grande e entusiasmada família: Fernando Dall’Olio, Raul Barroso, Wanderilo de Paula Pessoa, de saudosa memória, Josias Alves, Rodolfo Aguirre, Paulo Simas, Pedro Wanderley e, last but not least, o querido e saudoso Zenilo Almada, incansável diretor jurídico e amante sem limites do nosso Clube e de suas mais caras tradições, além dos já citados. É imperioso também destacar a colaboração dos membros do Conselho Deliberativo da época que coonestaram e aprovaram todas as nossas pretensões. Foram imprescindíveis as decisões dos amigos Luis Carlos Aguiar, Rubens Studart, Fred Moreira, Gilberto Egypto, Haroldo Juaçaba, João Batista de Aguiar, Jose Dias de Macedo, Ananias Cysne, Osmar Pontes, Lauro Vinhas Lopes, Edyr Rolim e muitos outros mais.


Como você vislumbra o Ideal Clube para o futuro?

Hoje os tempos já são outros. Os clubes sociais enfrentam a concorrência da praia, das casas de campo e serras e os jovens adotam outras diversões que não a frequência aos eventos clubísticos. Nesta vertente entendo que os gestores do Ideal precisam atrair os filhos/netos dos sócios, identificando seus anseios e preferências. Milita a favor desta ideia o fato da violência urbana estar se exacerbando e o “intramuros” do Clube pode oferecer a segurança tão desejada. Então é cooptar desde já as crianças e adolescentes para se tentar a formação de uma geração de novos sócios que gostem e frequentem o Ideal.


Você também presidiu o Conselho Interclubes, como foi essa experiência?

Assumi a Presidência do Interclubes - eleito por unanimidade - em 2002 (reeleito até 2006) me defrontando precipuamente com a questão IPTU deflagrada contra os filiados pela Prefeita Luizianne Lins. Na sanha arrecadadora que caracteriza o poder público, a PMF elevou à níveis absurdos os valores deste imposto que inviabilizaria até a existência dos Clubes. Então começamos uma cruzada junto às autoridades municipais para encontrar uma solução que fosse adequada para ambas as partes e respeitando seus interesses legais. Esta “batalha” perdura até hoje não se tendo ainda qualquer decisão satisfatória para viabilizar realmente a operação tradicional dos Clubes filiados. No mais foi uma experiência gratificante pelos desafios que se apresentavam, pelos variados interesses encontrados junto aos Clubes filiados e pelas amizades que tive o prazer de fazer e que mantenho até hoje.


Como é o Paulo Bandeira em família?

Um orgulhoso dos filhos e um apaixonado irremediável pelos netos. Hoje mais caseiro e um atento observador dos reclamos familiares e do mundo conturbado em que vivemos.


Qual mensagem você deixa para os jovens que estão objetivando cursar Engenharia Civil ou Direito?

Por óbvio são profissões inteiramente diferentes, mas não excludentes. Sem fugir do lugar comum diria que é imprescindível estudar, estudar e estudar. E se qualificar após conclusão do curso. E cedo descobrir se é isso mesmo que gostam de fazer quando profissionais atuantes no mercado extremamente competitivo.

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